A gambiarra de Jair Bolsonaro na área social custa o fim do Bolsa Família e a promessa do Auxílio Brasil. Tanto um quanto o outro não são defendidos pelo atual presidente e sua equipe econômica. O interesse em manter um programa social aos mais pobres entre os mais pobres atende a uma demanda eleitoral e não a necessidade de milhões de pessoas com fome que precisam, afinal de contas, comer.
E depois? Vem o imprevisível.
O país depende agora, mais do que nunca, de Arthur Lira e da tropa do Centrão para que uma nova proposta passe no Congresso. Lira controla o orçamento secreto- bilhões de reais em emendas parlamentares à disposição num gigantesco balcão de negócios.
Enquanto isso, não haverá, além do Bolsa, o auxílio emergencial. Uma desgraça nunca vem só.
1/5 da população alagoana depende do Bolsa Família. Há entre eles também eleitores de Arthur Lira. 17 milhões de pessoas devem ser atendidas pelo Auxílio Brasil. Serão necessários R$ 50 bilhões no orçamento, em tempos de inflação a dois dígitos, mais desempregados, a maior taxa de miseráveis da década. Qualquer semelhança com um game da Netflix em que desesperados disputam um prêmio ou a morte não é mera coincidência.
A mão de obra dos mais vulneráveis é baratíssima. Era mais comum ainda no passado limpar mato ou construir uma casa em troca de uma garrafa de Pitú ou 51. O maior mercado a céu aberto no Ocidente de venda de escravos era o Brasil. Depilados e untados com óleo de coco ou dendê, os pretos eram avaliados pelos dentes e o porte físico. Como cavalos e bois. Estamos de volta, de outras formas e maneiras, a este mundo desumanizado e desumanizante.
Prejudicados, os mais pobres pagam pelo descontrole nas contas públicas, a carne como artigo de luxo, o combustível de ouro, alimentos e energia mais e mais inacessíveis. Até quando?
Até quando a emergência social arregaçar a dignidade dos mais vulneráveis. O acesso a comida define quem vive ou deixará ser morto. Os hospitais tinham sua escolha de Sofia na pandemia. Nessa loteria, vencidos não terão nem ódio nem compaixão.
É o caos ou o fim do mundo.