• Paulo Gratão
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Paulo Hashimoto, Marvio Alencar, Carlos Souza e Lucas Prim, sócios da Zygo Tecnologia (Foto: Divulgação)

Paulo Hashimoto, Marvio Alencar, Carlos Souza e Lucas Prim, sócios da Zygo Tecnologia (Foto: Divulgação)

A startup Zygo Tecnologia é criadora do aplicativo de fidelidade para restaurantes Bonuz., que atende mais de 2 mil estabelecimentos em todo o Brasil. Quando as notícias sobre o avanço do novo coronavírus começaram a se espalhar pelo mundo, eles pressentiram que o negócio corria risco, uma vez que os parceiros não teriam como trabalhar. “Tinhamos dois problemas: a relevância da nossa própria empresa e como ajudar os estabelecimentos a sobreviver. A gente já teve dois restaurantes e sabe como é dificil o dia a dia”, explica Lucas Prim, um dos sócios da empresa. Foi assim que surgiu a ideia do Delivery do Bem.

A diferença da ferramenta para os aplicativos de entrega é que a logística fica por conta do restaurante, que pode utilizar entregadores próprios ou contratar serviços especializados em delivery, como os da Loggi. A empresa já tem 1100 pedidos de cadastro, inclusive de estabelecimentos que não vendem alimentos.

“Estamos dando prioridade para quem já tem algum contato de empresa de entregas, ou contato com motoboys”, diz Prim. Apesar disso, eles próprios têm conversado com serviços de logística locais para tentar buscar parcerias e ajudar os estabelecimentos com valores reduzidos. 

A proposta do Delivery do Bem é divulgar os estabelecimentos e ajudar a vender em tempos de portas fechadas. Nenhum valor é cobrado dos restaurantes e o cliente paga a taxa de entrega, delimitada por cada serviço. Prim diz que a plataforma é aberta para todos os estabelecimentos, não somente clientes da startup, e que não tem dados de quantos restaurantes não tinham nenhum tipo de delivery antes de entrar no serviço.

Ferramenta foi criada em menos de uma semana
A pandemia foi declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no último dia 11 de março, uma quarta-feira. Na sexta-feira seguinte eles se reuniram para pensar como poderiam fazer caso os restaurantes precisassem ser fechados, a exemplo do que já ocorria em outros países. No fim de semana, eles desenvolveram toda a plataforma do Delivery do Bem.

“Na semana seguinte, pegamos nossos programadores e designers para erguer um delivery super complexo, mas conseguimos fazer em pouco tempo”, diz. Ele estima que a empresa tenha investido, ao todo, R$ 75 mil na criação da plataforma.

No final de semana seguinte, quando a quarentena já havia sido anunciada em diversas cidades do Brasil, eles colocaram o sistema no ar com quatro restaurantes em Florianópolis (SC). Prim diz ter recebido uma média de 50 pedidos. “Agora temos uma fila de estabelecimentos que querem entrar, mas não temos condições financeiras de bancar por completo. Dependemos muito do patrocínio de empresas maiores que possam ser parceiras para continuar a ferramenta.” 

Plataforma foi criada apenas para conter crise
Prim admite que não tem planos para a ferramenta no futuro: não sabe se vai precificar ou vender para alguma empresa que tenha interesse no projeto. De acordo com ele, o intuito da criação não foi ganhar dinheiro, mas garantir o funcionamento dos restaurantes, o que também assegura a sobrevivência da sua própria empresa.

O Delivery do Bem pode ser acessado pelo navegador e também como web app, no smartphone. Nos próximos dias, um aplicativo deve entrar na Google Play, do Android.

Isenção de taxa ajuda estabelecimentos a fazer caixa
Juliana Bender Ribeiro e Amanda Gonzalez Estay são fundadoras da doceria Miss Donuts, em Florianópolis. Elas começaram a empresa no final de 2016, com encomendas. O primeiro ponto de venda era uma tenda, depois elas migraram para food truck e aí passaram para loja, que é a atual matriz, no bairro de Trindade. Hoje são duas lojas e um food truck exclusivo para eventos. 

Uma cliente avisou as empreendedoras pelo Instagram sobre o Delivery do Bem e as duas resolveram entrar na lista de espera. "Fomos uma das primeiras a sermos selecionadas na plataforma para iniciar os testes. Tem sido bem legal, as pessoas têm apoiado a iniciativa", diz Juliana. 

A empreendedora diz que os consumidores estão sensibilizados com a crise que tem se abatido sobre os pequenos comércios por conta da pandemia e que espera ter um aumento de pedidos pela plataforma, o que vai dar um fôlego para que consiga suprir as necessidades do caixa, uma vez que não precisará repassar valores de taxas nesse momento. 

Nas redes sociais, elas anunciam a entrada no Delivery do Bem e a possibilidade de manutenção do preço praticado na loja física por conta da isenção da taxa. Confira abaixo.

Apoie o negócio local (Foto: Editora Globo)

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