Onda de demissões em startups atinge GetNinjas, Creditas e Omiexperience

Empresas afetadas pelo coronavírus têm demissões que chega a mais de 100 pessoas; startup de recrutamento Kenoby também foi afetada

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Por Bruno Capelas
Atualização:

A onda de demissões em startups brasileiras por conta da crise do coronavírus afetou mais empresas: nesta terça-feira, 7, vieram à tona casos de cortes em empresas como a fintech de crédito Creditas, a startup de serviços GetNinjas, a plataforma de gestão Omiexperience e a startup de recrutamento Kenoby. As demissões, causadas pela interrupção de atividades econômicas, também já vinham acontecendo em empresas como o unicórnio Gympass, o banco digital C6 Bank e nas startups mineiras MaxMilhas e RockContent, como publicou o 'Estado' nesta segunda-feira, 6. 

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O corte mais severo aconteceu na Omiexperience, que teve cerca 136 pessoas demitidas ao longo das últimas semanas – antes da crise, a startup tinha 439 pessoas. As demissões aconteceram em duas ondas, segundo a empresa – uma com 42 pessoas, outra com 94. A primeira, diz a companhia, foi realizada por conta de uma reestruturação interna, que levou em conta funcionários contratados para suportar um crescimento nas atividades que não aconteceu. A reestruturação também levou em consideração a oportunidade de atender empresas de maior porte, algo que estava nos planos da Omiexperience desde o final de 2019. Já a segunda foi causada diretamente pelo impacto do coronavírus. 

De acordo com fontes próximas à empresa e que preferiram não se identificar, houve cortes nas áreas de marketing, vendas, relacionamento, franquias e recursos humanos. Segundo uma das fontes, num primeiro momento a Omiexperience acreditou que a necessidade de distanciamento social e home office impulsionaria seus negócios, uma vez que haveria demanda por digitalização dos clientes – o que não aconteceu, porque estes também tiveram problemas por conta da quarentena. Outra fonte afirmou ainda que funcionários que tinham acabado de ser recrutados também tiveram contratos cancelados. Procurada pela reportagem, a empresa disse que os funcionários que permanecem na empresa seguem sem redução de salários e com todos os benefícios.  Além disso, a empresa afirma que lançou uma ferramenta gratuita para microempreendedores, para auxílio nos tempos de crise. 

Marcelo Lombardo, da Omiexperience: empresa cortou cerca de 30% dos funcionários Foto: Werther Santana/Estadão

Já a GetNinjas, que conecta consumidores a profissionais autônomos como encanadores, eletricistas e marceneiros, entre outros, demitiu cerca de 10% de seus funcionários – antes da crise, a empresa tinha 110 pessoas. Os cortes aconteceram em diversas áreas, com destaque para produto e sucesso do cliente. Procurada, a empresa não quis comentar o assunto. 

Nos últimos dias, a GetNinjas – que é bastante dependente de serviços no mundo “real” – lançou uma plataforma para que seus parceiros possam prestar orientação à distância, por videochamada, para consertos simples dentro de casa. Em entrevista ao Estado, o presidente executivo da startup, Eduardo L’Hotellier, fez um apelo para que o governo federal apoie os profissionais autônomos com equipamentos de prevenção, como máscaras e álcool em gel. 

Na fintech Creditas, cotada há algum tempo para ser um dos principais unicórnios brasileiros, os cortes foram pontuais até o momento, apurou o Estado, em áreas como marketing e eventos. A empresa vinha em franca expansão nos últimos meses – em reportagem publicada em fevereiro, a startup dizia ter 1,6 mil funcionários, fazendo cerca de 100 contratações até o momento. Procurada, a Creditas disse em nota os cortes estavam dentro do planejado e não foram causados pelo coronavírus. "Reforçamos que todos trabalhavam em regime CLT e terão seus direitos garantidos, incluindo o plano de saúde por tempo estendido", acrescentou a empresa. 

Dona de um software para recrutamento usado por empresas como McDonald’s e Kroton, a startup Kenoby também passou por cortes nesta semana. Segundo a empresa, foram desligadas 18 pessoas nas áreas de atendimento, vendas, administrativo e marketing – com as demissões, a startup passou de 112 para 94 funcionários. Em comunicado, a empresa afirmou que foi afetada pela crise e disse que manteve plano de saúde para todos os funcionários demitidos. “Estamos também indicando os profissionais para outras empresas de nossas conexões e também clientes”, diz Luana Horchuliki, diretora de gente e gestão da Kenoby.

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