Acostumadas a contratar um grande volume de profissionais, as startups brasileiras estão passando por um momento inverso. Com o impacto do novo coronavírus nos diferentes setores da economia, a dispensa de funcionários vem se acelerando na tentativa de controlar o consumo de caixa em um período de incertezas.
Segundo levantamento feito pelo Valor, quase mil pessoas foram demitidas de ao menos uma dúzia de companhias. Segundo a Associação Brasileira de Startups (ABstartups), o país tem mais de 13 mil startups. A maioria dessas empresas tem entre 30 e 60 pessoas.
O maior contingente de dispensas veio da Gympass, que por conta das medidas de redução de circulação que fecharam academias, mandou embora entre 200 e 300 pessoas, segundo informações não confirmados pela companhia. A MaxMilhas, que sofreu com a redução no número de viagens, eliminou 143 posições. Rock Content, GetNinjas, Omie, C6 e Kenoby também fizeram ajustes.
O Valor apurou que a Neon Pagamentos e a BeeTech (dona do BeeCâmbio e do Remessa Online) reduziram suas equipes nos últimos dias. Nas duas primeiras, os cortes foram de 70 e 30 pessoas, respectivamente.
Na quarta-feira, a empresa de venda de ingressos Eventbrite fechou sua operação no Brasil. A medida é resultado de um corte global de quase metade dos funcionários anunciado ontem pela presidente mundial Julia Hartz. Todos os escritórios de língua não inglesa foram fechados. No Brasil, pouco mais de 40 pessoas foram desligadas.
Procurada, a assessoria de imprensa da Neon informou que, em 2019, a companhia criou 500 novos postos de trabalho e que parte do ajuste já estava planejado e tem relação com o processo de avaliação de desempenho das pessoas conduzido anualmente.
Outra parcela está relacionada a ajustes em áreas que foram afetadas diretamente pela crise. “Outras áreas da empresa seguem contratando e têm 30 vagas em aberto”, informou.
A BeeTech também confirmou o ajuste em sua operação. Ao longo de 2019 a empresa teve um crescimento expressivo que resultou em mais de 160 novas contratações, muitas delas feitas ao final do ano na expectativa de manutenção do crescimento para 2020.
“Diante das incertezas do cenário atual e dos impactos no planejamento da empresa, infelizmente foi preciso fazer um desligamento de 35 colaboradores, de diversas áreas. A empresa realizou esse processo de forma transparente e mais humana possível, oferecendo todo o apoio necessário para os impactados”, informou.
Em 2019, a companhia contratou mais de 160 pessoas, muitas delas perto do fim do ano, na expectativa de crescimento em 2020. O número de funcionários depois do corte ficou em mais de 200.
"O Gympass está comprometido a apoiar todos os colaboradores afetados, fornecendo indenizações, assistência médica prolongada, ajuda na procura de emprego e acesso contínuo a um programa de assistência ao funcionário. Esta decisão foi tomada com extremo cuidado e ponderação, e como último recurso", disse o Gympass em comunicado.