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Em reestruturação, Loggi demite cerca de 120 pessoas

Considerada unicórnio, startup de logística realizou cortes na última semana, com foco na área de vendas e em escritórios regionais; empresa é mais uma que recebeu aportes do SoftBank a fazer reestruturação recentemente 

Foto do author Bruno Romani
Por Bruno Capelas e Bruno Romani
Atualização:

*Atualizado às 19h23 para inclusão de mais informações

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A startup de logística Loggi realizou na última semana uma reestruturação interna que acarretou na demissão de pelo menos 120 pessoas – 60 delas em São Paulo. A maioria das demissões foi realizada na área de vendas e marketing da startup, informaram ao Estado ex-funcionários da startup, que preferiram não se identificar. Segundo eles, a  justificativa dada pela empresa na hora da demissão foi de redução de custos. 

De acordo com as fontes, as demissões aconteceram de forma abrupta, no último dia 12 de fevereiro. Em alguns dos desligamentos, a empresa alegou que metas não estavam sendo batidas. Um dos ex-funcionários disse ainda que a empresa ajustou seu plano de negócios para este ano, sem dar maiores detalhes. Outro dos demitidos disse que a empresa pretende apostar, nos próximos meses, em um maior nível de automação. Na rede social LinkedIn, já circula uma lista com nomes e dados de alguns profissionais cortados, em busca de recolocação. 

Também aconteceram cerca de 60 demissões em escritórios regionais, principalmente em vagas de baixo escalão – em algumas filiais, houve corte de até um terço dos funcionários. Segundo uma fonte, não houve fechamento de escritórios, mas sim redimensionamento para "fechar as contas". 

Desde junho de 2019, a Loggi é considerada um 'unicórnio' Foto: Willian Moreira/Futura Press

Procurada pelo Estado, a assessoria da Loggi confirmou que passa por uma reestruturação, “necessária para seguir com eficiência e foco em suas áreas de atuação”. Na nota, a empresa afirma ainda que segue contratando, "principalmente na área de tecnologia", inclusive em seu escritório recém-aberto em Lisboa (Portugal). 

Fundada em 2013, pelo francês Fabien Mendez, a Loggi é uma das poucas startups brasileiras a ser considerada um unicórnio – empresa avaliada em US$ 1 bilhão ou mais. 

Responsável por fazer entregas de documentos, comida e e-commerce, a companhia foi avaliada em mais de US$ 1 bilhão em junho passado, ao receber um aporte de US$ 150 milhões liderado pelo grupo japonês SoftBank. Na época do investimento, a Loggi tinha 700 funcionários, com planos de atingir 1,5 mil em pouco tempo. 

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Com as demissões, a Loggi se torna mais uma empresa que recebeu aportes do SoftBank a anunciar reestruturação recentemente. A lista inclui startups como a colombiana Rappi, que cortou 6% de seus funcionários em todo o mundo no início de janeiro – no País, 150 pessoas foram desligadas. O maior volume de demissões aconteceu na indiana Oyo, especializada em hospedagem, que cortou 3 mil vagas na Índia e na China nos últimos três meses. 

Para especialistas, as demissões nas startups investidas pelo SoftBank são fruto de dois tropeços nas principais apostas dos japoneses: a Uber e o WeWork, que demonstraram problemas para serem lucrativos nos últimos meses. Com problemas de governança interna, o WeWork chegou a cancelar seu processo de abertura de capital, demitiu o presidente executivo e recebeu um socorro de US$ 10 bilhões da companhia japonesa. O processo fez o SoftBank ter queda de 99% no lucro no último trimestre de 2019, bem como reduzir seus planos para a criação do Vision Fund 2, fundo de investimentos em startups que previa captar US$ 108 bilhões. 

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