Bolsonaro troca caneta Bic, de origem francesa, pela brasileira Compactor

Presidente não citou Macron

Falou em cerimônia no Planalto

'A caneta agora é Compactor. Não é Bic, não', disse o presidente durante cerimônia nesta 5ª (29.ago)
Copyright Sérgio Lima/Poder360 - 29.ago.2019

Em meio à “troca de farpas” com o presidente da França, Emmanuel Macron, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta 5ª feira (29.ago.2019) –sem citá-lo– que mudou a marca de sua caneta, que ele dizia ser uma Bic desde a época da campanha eleitoral. Ele mostrou que agora está com a Compactor. A Bic é de origem francesa, com sede na cidade de Clichy. Já a Compactor é uma marca brasileira de Nova Iguaçu, no Rio.

“A caneta agora é Compactor. Não é Bic, não”, disse rindo o presidente, quando se preparava para assinar 1 documento em evento no Palácio do Planalto.

Bolsonaro tinha uma Compactor guardada consigo, que foi exibida ao público, mas assinou o papel com a Bic mesmo.

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Apesar de brasileira, a própria Compactor afirma em seu site que “é o braço da [fabricante] Schneider no Brasil”. Ainda segundo o site, “a Schneider é uma marca global, líder na fabricação de instrumentos de escrita na Alemanha”.

Assim como fez com a França, Bolsonaro também já criticou a Alemanha e a chanceler do país, Angela Merkel, que suspendeu repasses ao Fundo Amazônia em 10 de agosto. Para o presidente brasileiro, os alemães não são “exemplo para o Brasil” em preservação do meio ambiente.

Bolsonaro voltou a criticar a Alemanha quando a Noruega, em 14 de agosto, também suspendeu o dinheiro que repassava para o Fundo, em resposta à política ambiental do atual governo. O presidente questionou se a Noruega “não é o país que mata baleias” e falou para “dar a grana para a Angela Merkel reflorestar a Alemanha”.

Em 15 de agosto, 1 dia depois, a embaixada alemã postou 1 vídeo nas redes sociais em que afirmava: “Você sabia que a Alemanha é um dos países mais florestados da Europa? As florestas alemãs são destinos turísticos imperdíveis.”

Esta não é, porém, a 1ª vez que Bolsonaro usa uma caneta Compactor. No dia da posse, a própria fabricante fez uma postagem dizendo que a caneta usada pelo presidente era da marca. Bolsonaro também já fez ao menos duas menções à Compactor: ao assinar ato que dá a órgãos de controle “acesso livre” a toda a documentação que envolve a destinação de recursos da União e ao assinar a MP que desobriga a publicação de balanços em jornais impressos.

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AGRADECIMENTO A TRUMP

Em discurso, Bolsonaro disse que queria agradecer “publicamente” o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “pela sua defesa do Brasil por ocasião do [encontro do] G7″. Este é o grupo de 7 das maiores economias do mundo, que conta com Alemanha e França.

Sem citar nomes, Bolsonaro disse que “nós vamos cada vez mais nos aproximar de países que servem de exemplo para nós.” Continuou: “São esses exemplos que devemos procurar”.

AFAGOS A MORO

Em meio a notícias de que o ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) teve seu papel esvaziado no governo, Bolsonaro também fez afagos ao integrante do 1º escalão.

“Quero deixar claro que com todos os ministros eu converso. Essa lealdade que eles têm comigo e que eu tenho com eles, com certeza tem uma marca diferente neste governo”, afirmou o presidente.

Bolsonaro completou: [Moro] abriu mão de 22 anos de magistratura não para entrar numa aventura, mas com a certeza de que todos nós juntos podemos, sim, fazer o melhor para a nossa pátria. Colocar o nosso Brasil no lugar de destaque que ele merece.”

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Em 15 de agosto, Bolsonaro anunciou a troca do superintendente da PF (Polícia Federal) no Rio, Ricardo Saadi, por motivos de “gestão e produtividade”. Disse também que o substituto seria Alexandre Silva Saraiva. No entanto, a PF soltou nota afirmando que a mudança já estava prevista e que o problema não seria produtividade, mas sim 1 pedido do próprio Saadi. A corporação afirmou, contudo, que Carlos Henrique Oliveira Sousa seria o substituto.

Dias depois, Bolsonaro afirmou que se não pudesse substituir o superintendente, trocaria o diretor-geral Maurício Valeixo. Este é homem de confiança de Moro. A PF é ligada ao ministério da Justiça e Segurança Pública.

Outra mudança promovida por Bolsonaro foi alocar o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) no Banco Central. O órgão era desejado pelo ministro –e chegou a ficar sob seu controle por meio de uma MP (Medida Provisória), mas o Congresso o devolveu ao Ministério da Economia, do ministro Paulo Guedes.

O Coaf foi o órgão que identificou as atividades financeiras atípicas de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), quando este ainda exercia mandato como deputado estadual na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio).

“EM FRENTE, BRASIL”

A declaração de Bolsonaro aconteceu na cerimônia de lançamento do “Em Frente, Brasil”, programa de combate a crimes violentos, que aconteceu no Palácio do Planalto. É 1 projeto-piloto de enfrentamento à criminalidade que propõe a integração entre União, estados e municípios.

O projeto será implementado em 5 cidades –uma em cada região do país: no Norte, em Ananindeua (PA); no Nordeste, em Paulista (PE); no Sudeste, em Cariacica (ES); no Sul, em São José dos Pinhais (PR); e, no Centro-Oeste, em Goiânia (GO).

Em texto divulgado à imprensa, o Ministério da Justiça e Segurança Pública afirma que “o critério de seleção das cidades considerou a média dos números de homicídios dolosos ocorridos em 2015, 2016 e 2017, além da situação fiscal do estado e do comprometimento das gestões nos Estados e municípios para a adesão ao projeto.”

O texto que explica o “Em Frente, Brasil” diz que o projeto atua em 4 eixos. O 1º é sobre o levantamento de dados estatísticos de criminalidade, “com apontamento geográfico das ocorrências para que sejam direcionadas ações de prevenção e de repressão qualificada”.

O 2º eixo trata da própria repressão. Serão feitas ações policiais “para a desarticulação de grupos criminosos e da criminalidade profissional, de forma coordenada, articulada e integrada”.

Chamado de “prevenção social”, o 3º eixo trata de fornecer serviços básicos à população, como educação, saúde, esporte e lazer. Por fim, o 4º eixo é “governança e gestão”, com “gerenciamento do projeto, manutenção das ações coordenadas e integradas, além do monitoramento dos indicadores e meta de cada uma das áreas”.

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